sexta-feira, 15 de maio de 2009

Divã

Esta semana fui assistir Divã com o meu namorado. Muito bom o filme. Vale muito a pena assistir. A personagem principal do filme diz frases bem legais e de efeito em todo o filme. Frases que eu gostaria de ter memória boa o suficiente pra poder me lembrar. Mas a frase que mais me marcou no filme todo foi uma comparação triste, porém verdadeira que ela fez:

"ver seu ex-marido com outra mulher (quando você ainda gosta dele) é o mesmo que você emprestar seu melhor vestido pra uma amiga e perceber que nela, o vestido caiu muito melhor. E mais, é ver que essa amiga, mesmo não cuidando do seu vestido como você cuidaria, mesmo derramando vinho no vestido e sujando ele todinho, ainda assim, o vestido fica muito mais bonito nela."

eu não conheço a sensação de "emprestar" ex-namorado pra alguém por que nunca tive nenhum que fosse o meu melhor vestido, mas sei qual a sensação de emprestar o meu melhor vestido e ficar bem melhor em outra pessoa. É um ciúme, uma inveja, uma tristeza.

Pior do que emprestar um ex que já não presta para nós, é ver o atual namorado "vestindo" outra pessoa do passado e perceber que ele parecia tão mais bonito com ela. Só estou escrevendo este post por que às vezes a gente encontra o que nem sequer procura. Entramos pelos caminhos da curiosidade por pura falta do que fazer, por inocência mesmo e acabamos por não gostar do que vemos. E eu vi hoje. Apenas duas fotografias que me deixaram uma pedra na garganta. Ele é o meu novo vestido, ela o vestido velho dele. Mas vestem bem.

Depois destas constatações, posso reformular a máxima do filme:

"quando você compra o melhor vestido do mundo, que você sempre sonhou e descobre que esse vestido já vestiu alguém e ficou muito melhor nessa pessoa, é o mesmo que emprestar o ex-marido que você ainda ama. Mesmo sabendo que aquela pessoa sujou seu vestido, usou bastante antes de você, mesmo sabendo que o vestido foi lavado, engomado e renovado pras suas mãos, você sabe que, no fundo, o vestido não é novo e que alguém viu primeiro que você."
É um ciúme, uma inveja, uma tristeza, uma tortura.



Auf wiedersehen.

Quer saber? agora eu fiquei puta.

Quando acontece uma coisa que nos incomoda muito, pela simples proporção que essa coisa toma e que não deveria tomar, a gente começa a rever uma porção de coisas. Revemos nosso comportamento e o dos outros à nossa volta, pra ver se está tudo tocando na mesma sinfonia. E não está. Este post é um pouco pessoal, mas sabe, caguei baldes. Vou falar e pronto. A gente não escolhe pai, nem mãe nem o resto da família. A gente já nasce sem opção pra essas coisas. Adoro a minha família, mas como toda ela, há uns problemas que surgem que dá raiva por que não deveriam ser problemas! Mas são. Como uma opção sexual é um problema, uma religião diferente é um problema, uma criação diferente é um problema, um blog é um problema! Preciso dizer isto: caralho! As criancinhas da etiópia tão morrendo de fome e um blog é um problema??? Caguei baldes! Podem reclamar. Fui criada com total liberdade de expressão e de escolha por que não fui criada pela minha família, e sim pela minha mãe e minha mãe me ensinou várias coisas tais como:

- nunca case virgem. Você pode passar o resto da sua vida com alguém péssimo de cama e você nem saber por que é tão infeliz.

- nunca seja mãe solteira. Uma vez mãe solteira para sempre assim, por que o homem sempre acha que a sua parcela na produção daquele bêbê é de apenas dois cromossomos e nada mais.

- se religião, igreja, bíblia e deus fossem essa coisa toda que todo mundo diz que é bom, ninguém era fundamentalista religioso, igreja não excomungava crianças estupradas por causa de um aborto, a bíblia não era machista e ninguém matava ou deixava morrer em nome de deus e o mundo não estaria esta grande merda.

- quer falar? Fale. mas você pode não gostar da resposta dos outros. Se não gostar, saiba responder de volta. Se não gostarem da resposta, sinta-se no direito de dizer que a boca é sua e você fala o que quiser.

- quer ser respondona ou desobediente, seja. Menos comigo.

- quer que a sua família ou qualquer outra pessoa não pegue no seu pé? Seja invisível.

- quer ser invisível? Suma.

- quer prestar e todo mundo te achar o máximo? Morra.

Pronto. Vou ficar pelo sumiço mesmo. Espero que ninguém venha reclamar da minha ausência. Ninguém está presente na minha vida mesmo. Então estamos quites.


Auf wiedersehen.

Uma crítica

Críticos de cinema criticam filmes.
Críticos de gastronomia criticam comidas.
Críticos de literatura criticam livros.
Críticos esportivos criticam esportes.
E críticos de nada específico são críticos de qualquer coisa.

Acho que todo blogueiro “especializado em generalidades” (vide blog bem interessante da Rosana Hermann: www.queridoleitor.com.br) se inclui nessa categoria. Uma categoria indefinida e livre para criticar o que estiver a fim. Estou escrevendo isso por causa de uma recente experiência pessoal em que minha família me criticou por eu supostamente criticar outra pessoa que nem sequer é da minha família também e a quem eu devo apenas o fato de estar adicionada no meu orkut, o que hoje em dia não quer dizer muita coisa. A crítica do post foi plausível, levando em conta que a pessoa criticada só o foi por que não sabia escrever português, o que para os seres humanos que escrevem em blogs é absolutamente gritante, por que simplesmente percebemos que a inclusão digital trouxe à tona milhares de semi-analfabetos deste querido Brasil.

Pior do que ser criticada por criticar alguém cuja imagem foi preservada, mesmo que essa pessoa se exponha com a pior imagem que alguém poderia expor de si mesma, é saber que, em plena democracia da informação, em plena liberdade de expressão, as pessoas se incomodam e se ofendem com quem nem sequer deveriam se incomodar. Pior ainda do que apenas se incomodarem com aquilo que absolutamente não lhes dizem respeito, é transformar um post num problema de grandeza maior, desnecessária e familiar, como se nós, blogueiras, fossemos crianças de 4 anos que devemos explicação de tudo o que fazemos aos nossos pais.

Aos que se incomodam a esse ponto eu só posso aconselhar a criarem um blog pra si mesmos e verem que, às vezes, acordamos com vontade de criticar alguma coisa que nos incomoda muito e que um blog é um maravilhoso exercício literário para se dizer o que quiser. Se não quiserem um blog, podem se ocupar do orkut alheio.

A inclusão social, além dos semi-analfabetos, trouxe também uma possibilidade de se invadir a vida de qualquer pessoa e, se essa pessoa deixa sua vida ser invadida, está disposta a arcar com as consequências. Quem não quer esse tipo de transtorno pode começar por eliminar os seguintes sites da sua vida: orkut, msn, hi5, twitter, blogs, facebook, email, entre outros.

Um dia, todos nós podemos acabar no blog alheio por qualquer razão. Na internet todos somos celebridades e tal como as celebridades somos criticados quando não fazemos algo tão legal e ovacionados quando fazemos algo que preste. Eu e minhas amigas mesmo já aparecemos em blogs alheios, na tv, no jornal, em portfólios, em qualquer lugar de ordem pública e não nos descabelamos por causa disso.

A pessoa que foi criticada neste blog poderia ter sido criticada por coisas muito piores, mas o blog se ateve apenas à completa falta de gramática e não à completa falta de tantas outras coisas.

Este post todo é só para mostrar como eu e quem mais posta neste blog estamos completamente revoltadas com o ridículo de toda esta situação. Alguém disse que alguém viu que no blog destas meninas tão boazinhas, alguém escreveu um post criticando uma pessoa que poderia ser tão boa e tão pura, mas que, coitada, não sabe escrever português. É assim que acontece uma grande confusão. Pois aos que morrem de pena, se ofendem ou se sentem indignados no lugar da outra pessoa, façam um favor: paguem um curso de português a quem precisa.

CRÉDITOS

A Susue, que apagou o post para não incomodar os outros: um “beijo, te amo.”
Ao meu namorado que me deixa soltar o miniatura pintch que há em mim: amo-te.
A Maurinho, que não tem nada a ver com o post, mas que tem a melhor resposta para isso tudo: “cago baldes.”
Aos semi-analfabetos do Brasil: uma gramática.


É isso. Auf wiedersehen.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Síndrome do ninho vazio

A ausência não emite som algum, mas grita de doer os ouvidos. A ausência não ocupa espaço físico, mas se espalha ao ponto de nos deixar sufocados...
A ausência não se importa com o quanto ela incomoda. Ela não avisa que vai roubar lugar.
Sentir a falta de alguém é sentir falta de você mesmo. É perceber o seu próprio vazio. É ter sua extensão interrompida bruscamente. É ter só a parte de dentro para procurar lembranças que possam aliviar o aperto. E nessa parte de “dentro” há vestígios, frases, risadas, brigas ,lições, semelhanças e alguns sonhos em comum.
Percebemos que nos tomaram algo quando não conseguimos mais enxergar nossos pedacinhos no outro... Porque o outro não está mais ali pra nos servir de espelho. O outro, que pode ser um amigo, um irmão ou o amor da sua vida, é o começo, o meio e a continuação do que você é, mesmo que esse ‘você’ mude diversas vezes (o outro não vai deixar de contribuir).
Quando eu era menor o meu sonho era ter um computador e um quarto só pra mim. Isso nunca foi possível... Até que bem recentemente, meu espaço pequeno ficou ainda menor quando eu me vi dormindo novamente com minha irmã e minha sobrinha.
Bem, elas tinham um computador...
Foram vários meses disso. Falta de espaço e o computador, que era um sonho tão próximo, mas que não me pertencia.

-Apaga a luz.
-Não faz barulho.
-Hora de sair do computador.
-Esse teu despertador é um saco...
-Vem ver esse filme! Ei! Não acredito que você já dormiu!
-Arrume o quarto hoje!
-Tia.Me empresta aquele teu gloss.

Até que eu descobri que dividir, compartilhar, trocar, aprender, consolar e amar foram os verbos que aquela “falta de paz” me proporcionou por mais quase 2 anos.
Hoje eu cheguei em casa sozinha e tava tudo muito quieto. Eu percebi que depois que elas se foram deixaram muito mais do que um quarto cheio de espaço e um computador. Deixaram comigo e com todos em casa o sonho de te-las novamente aqui, como vinha sendo. Com todos os gritos, brigas, brincadeiras, filmes, comidinhas e o carinho que elas tinham por todos nós, em especial por aquela caridosa alma que perdeu seu egoísmo quando entendeu que dor mesmo sentimos não é quando nos tomam um espaço, e sim quando desocupam um enorme que já existe dentro de nós.
Deixem-me trocar de sonho.
Quero apenas o humilde cantinho barulhento e os poucos minutos de acesso ao computador... Quero arrumar o quarto e permanecer acordada até o fim de todos os filmes.Quero dizer "sim" a todos os "não" que disse. Queria ELAS de volta e todas as experiências que somam a mim, hoje, o que eu sou.

OBS: Eu sei que esse sonho novo continuaria sendo egoísta.É hora de permitir que elas conquistem os seus próprios espaços. É preciso aceitar e compreender que permanecemos no ninho até que estejamos prontos para sairmos dele. E mesmo sabendo o quanto machuca, eu sei que era a hora do vôo de vocês.
Boa sorte, Paz, AMOR e FELICIDADE. É o que meu coração partido (mas ainda coração), deseja verdadeiramente.

Angélica e Duda:
Amo MUITO vocês.
O amor de família.
O amor que aceita todos os humores.
O amor de todo dia.
(pra sempre)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

No fundo, somos todas iguais


Este texto não tem personagens metafóricos. Tudo na primeira pessoa.
Ontem sentei-me no restaurante com a minha melhor amiga e conversamos horas a fio sobre várias coisas em torno de um mesmo assunto que acontece de ser o assunto de sempre, sobre o qual sempre existem várias outras coisas a serem faladas: namorados. Descobri que nós, mulheres, andamos sempre com o coração na mão, pra não dizer outra parte do corpo menos romântica, quando se trata dos homens. Em menor ou maior escala, ou ainda em diferentes graus de variância, nós mulheres, dentro da normalidade, temos um corportamento-padrão em comum: sabemos o quanto o outro (o homem) nos é fugaz.

As mulheres casadas, as bem casadas claro, sabem que ao final do dia seus maridos retornam ao lar, ao seu lado da cama. As que têm namorados sabem que, ao final do dia, os namorados retornam para onde bem entenderem e isso não significa que seja necessariamente para o seu lado da cama. Acho que por isso os homens fogem do casamento, por que sentem que, mal ou bem, seu direito de ir e vir fica comprometido, já que o seu caminho pra ir e vir será sempre o mesmo.

A natureza dotou as mulheres de um instinto materno. Claro, a natureza fez isso, nós não pedimos. Com esse instinto a mulher gera e cria mini-seres humanos que dependem dela integralmente e cuja sobrevivência depende exclusivamente da presença materna. Assim, nos dotou também da sensação de que nossos homens estejam à nossa volta sempre, em todos os momentos. Por isso, em geral, mulheres não têm atividades excludentes do sexo oposto, para garantir que o homem possa sempre participar de tudo. Os homens por sua vez têm atividades tão masculinas que fazem as mulheres se sentirem mal por estarem perto.

Diante desta natureza de ambos os sexos, eu e Janaína constatamos que quando um homem sai sozinho ele leva consigo o nosso coração que fica, literalmente, na mão dele. É um sentimento de insegurança materno esse que nós temos, por que fomos geneticamente treinadas para só olhar, desejar, cuidar e se preocupar com o outro e abandonar todo esse narcisismo que faz qualquer homem amar-se a si mesmo acima de todas as coisas. A gente não compreende isso.

Para qualquer mulher isso tudo é uma tortura. Leve ou pesada. É como se fosse uma despedida, como se ela estivesse perdendo o outro e uma parte de si mesma junto. Toda mulher fica inquieta por que, no fundo, não confia na natureza humana. Se até os filhos deixam as mães, por que os homens não deixariam??!! E não adianta os namorados dizerem que adoram estar conosco. Quando eles não estão por perto, a gente deixa de sentir isso. No final das contas, todos sabem que só os cães são fiéis.

Depois de muita conversa, eu e Janaína chegamos às mesmas conclusões e sentimentos. Em intensidades diferentes claro. Eu na minha patética resignação e ela com um falso amadurecimento. Nisso a gente não amadurece. A gente engole. Amiga, nós somos bananas verdes.

Apesar do crepe ser de chocolate, a conversa não foi doce, mas aprendemos que nós, mulheres, sofremos pelas coisas erradas, somos umas loucas, desvairadas, desequilibradas que não sabemos conviver com o "eu-ego-narcisista" do nosso homem por que, simplesmente para nós, os verbos só se conjugam no plural.

Mas calma! Nem tudo está perdido. Hoje mesmo vou começar a olhar mais para o meu umbigo.



CRÉDITOS

À minha melhor amiga, pelo crepe, a conversa e a companhia.
Aos nossos namorados, por nos darem temas polêmicos para conversar.


Auf wiedersehen