quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uma mochila

depois de tanto tempo, um post.




Faz tempo que eu trabalho. Trabalhei desde muito cedo para ganhar a mesada. Depois para ajudar a minha mãe, depois pra comprar minhas próprias roupas e sapatos, depois para comprar as maquiagens, e pagar a viagem de finalistas da escola, depois para tirar a carteira de habilitação e comprar o carro mais velho que meu dinheiro poderia comprar. Depois trabalhei mais um pouco para bancar as saídas noturnas de segunda a segunda nos poucos dias de férias que me sobravam depois de trabalhar o ano todo. Mais adiante continuei trabalhando para poder pagar uma academia, comprar um celular novo, juntar dinheiro para gastar depois. Depois trabalhei mais ainda para comprar cremes para bronzeamento, perfumes importados, mais roupas e mais sapatos. Continuei trabalhando para pagar a propina da faculdade e pagar a xérox e a gasolina e para o conserto de um novo carro velho. O trabalho continuou desde que entrei na faculdade, para que eu pudesse um dia decidir morar só, pagar aluguel, condomínio, contas de luz e de água, cartões de crédito, mais roupas, mais sapatos, prestações de fogão e geladeira, mais conserto de carro, saídas, presentes de natal, poucas viagens. O trabalho continua para que tudo isso continue sendo pago. E eu vejo, todos os dias, pessoas tão jovens quanto eu, indo e vindo de viagens, criando milhares de oportunidades, buscando coisas em outros lugares, atirados no mundo, sem nenhuma bagagem. E todos os dias eu me pergunto o porquê do meu trabalho já que ele me paga para ficar parada, por que as contas chegam, as prestações vão sendo pagas, e eu vou acumulando uma infinidade de amarras. Hoje, tudo o que eu queria era uma mochila, com coisas baratas, pra ir pra qualquer lugar sem deixar nada.



Créditos

A André Muhle que me sugeriu comprar um camião para carregar tudo isso.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Fora de área e temporiamente desligada

Você já se imaginou sem o seu telefone celular?
Você já se sentiu incomunicável?

Tudo começou com um pequeno acidente tecnológico, quando eu não dei muita importância a certas instruções do procedimento idiota de baixar imagens do meu aparelho celular para o computador.
É aquela velha mania de achar que certas coisas não acontecem, e se forem acontecer, nunca será com você.
Quando eu percebi que não estava funcionando como de costume, eu retirei o cabo e repeti a operação, e: NADA.
Ao desistir, retirei o cabo de vez e quando olhei para o meu aparelho ele sorriu para mim trazendo uma mensagem no seu visor:

“Configuration error. Please contact your operator or service center.”

Acho que foi uma das poucas vezes que eu detestei entender inglês, eu queria tanto estar errada!
E se, mesmo mantendo o chip, esse dano for irreparável para o meu querido aparelho?
E agora? Como eu poderia ser encontrada? Como eu poderia falar com as pessoas? Como eu poderia mandar ou receber mensagens?
Hora de filosofar: (Enquanto o problema não é solucionado, vamos tentar encontrar o lado positivo disso tudo).
Nunca me considerei apegada a bens materiais. Mas certas coisas têm sim valor sentimental, e principalmente quando elas têm a função de guardar pequenas frases na sua memória.
Algumas coisas podem ficar armazenadas no chip e no aparelho, e fazemos isso por apego e por medo de esquece-las, mas há outras que certamente ficarão guardadas para sempre em algum lugar nosso que não permitirá que sejam apagadas...
Mensagens podem continuar sendo enviadas ou recebidas.
Às vezes uma mensagem em um olhar é muito mais eficaz do que os limitados xxx caracteres disponíveis para dizer o que queremos...
Às vezes um pensamento envia uma mensagem tão forte que ela consegue até ser respondida.
(de repente não seria essa a hora do desafio de deixar de lado tanta modernidade tecnológica para começar a exercitar outras formas de comunicação)?
Também concluí que se você tiver que ser encontrada, nem se preocupe que não dependerá somente de um telefone, e-mail, endereço nem hora marcada. Se tiver mesmo que ser, da maneira mais inusitada vão achar você.

OBS: Deixe seu recado após o sinal.