sexta-feira, 31 de julho de 2009

Mudança



Mais uma vez estou de mudança. Há quase um ano escrevi um texto, A Ponte, sobre mudança. E lá estou eu de novo mudando. Louca, ansiosa que chegue o dia em que ficarei para sempre numa residência fixa. O que quer que seja que "para sempre" signifique. Mudança toda ela é custo, esforço e cansaço. Mas o bom de mudar de casa é aquela sensação de que todo o resto vai mudar junto. Uma nova casa é um estímulo para se renovar tanto o ambiente, quanto a gente. Começamos por jogar o máximo de lixo fora, para diminuir o que teremos que carregar. Depois vamos retirando roupas do armário que já não usamos e doamos. Depois vamos nos desfazendo de pequenos objetos sem nenhum valor que sempre insistimos em colocar na prateleira. Organizamos as caixas e as coisas com cuidado e esmero, como se cada treco fosse um tesouro. Ao remexer as coisas ainda encontramos fotos antigas, retalhos, cartinhas com declarações de amor eternas que só duraram o verão das férias escolares, encontramos retalhos, desenhos e lembranças que guardamos com tanto carinho. À medida que os trecos vão tomando seus lugares dentro das caixas de papelão, percebemos que uma vida cabe dentro de pouquíssimas caixas e por isso é tão pequena. A casa nova aos poucos vai tomando forma na nossa cabeça, começando pela cor das paredes, os tipos de móveis, os detalhes. Ao fazermos uma mudança para um novo lugar é como se abandonássemos não só a antiga casa, como nossa antiga casca. E esta nova, sempre é a melhor. Espero que em breve minha mudança esteja feita e que eu me mude para sempre, até à eternidade de uma próxima grande mudança.


CRÉDITOS

Este texto é dedicado exclusivamente à minha dupla, redatora, amiga, sonhadora conjunta Anna Terra, que junto comigo está mudando. Sempre.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

SIM!

Ontem foi dia de cineminha com o namorado. Assisti um filme bem legal, Sim Senhor, com Jim Carey. Aconselho demais. Ele faz o papel de um cara que diz não pra tudo e que, por isso, não sai da sua rotina pálida e sem graça. Um dia ele vai a uma palestra cuja mensagem principal é: diga SIM a todas as oportunidades que apareçam na sua frente por que você nunca sabe aonde elas podem te levar. E assim foi, o cara começou a dizer sim a tudo e percebeu a quantidade exorbitante de experiências incríveis que estava perdendo na vida, e pior, que estava perdendo a vida em si. O filme é genial, não por ser um primor cinematográfico, mas por essa postura que ele passa. Achei o máximo. Por conta dele eu agora vou dizer sim a uma porção de coisa:

sim para todas as festinhas de aniversário,
sim para os bazares de lingerie das amigas,
sim para os filmes de terror ou de bang-bang,
sim para as promoções do shopping,
sim para os trabalhos legais,
sim para pintar as unhas de rosa choque,
sim para cortar o cabelo,
sim para uma peça de teatro,
sim para ir ali na padaria com a amiga,
sim para almoçar de novo minha comida super condimentada,
sim para um monte de coisa.

não, não mesmo para o camarão e os frutos do mar.


Créditos

Ao meu namorado que assistiu "n" filmes comigo esse final de semana, e que diz sim a quase tudo pra mim. Mas eu também digo pra ele. :)
À minha Susue, Jana, que sempre diz sim aos crepes.

domingo, 12 de julho de 2009

Preconceito versus Constatação

Preconceito
s.m. Forma de pensamento na qual a pessoa chega a conclusões que entram em conflito com os fatos por tê-los prejulgado.



Há uns tempos atrás uma amiga minha escreveu uma frase que causou um rebuliço cibernético. A frase inclusive ganhou um concurso e, obviamente as pessoas não poderiam ter ficado mais descontentes. O fato é que essa amiga dizia na frase que o seu pretinho básico (um vestido) tinha pedido alforria e saído do armário direto para o seu corpo. Era algo deste tipo. Nada de mais. Não foi de se surpreender, claro, que dezenas de pessoas se manifestaram, acusando-a de preconceito por ter feito uma alusão, bem despretenciosa diga-se de passagem, sobre o vestido pedir alforria e a escravatura dos negros que um dia pediram alforria. Não foi de se espantar também que ela recebesse comentários irônicos e sarcásticos de que, com certeza, ela era loira, dos olhos azuis, racista, preconceituosa e nazista e que obviamente fez aquela frase com o intuito terrível e bla bla bla. Preconceituosa. Pois eis que todo mundo que comentou foi mais preconceituoso do que ela poderia ter sido com uma frase tão simples. Pois essa amiga minha é morena, bem morena, cheia de melanina na pele, cabelos escuros, olhos castanhos e longe, bem longe de achar que um 'pretinho básico que pede alforria' poderia ser um escravo negro pós-moderno.

Este caso é só para ilustrar que qualquer coisa, forte ou não, pode criar polêmica e incomodar profundamente as pessoas por simplesmente tocar num assunto do qual ninguém quer ouvir. Nínguém quer ouvir que um dia os negros foram completamente explorados, maltratados, e extirpados do seus direitos mais humanos. Por isso, qualquer alusão ao negro é vista logo de forma ofensiva e preconceituosa quando, na verdade, o preconceito parte de quem interpreta. E isso é tão, mas tão institucionalizado na cabeça do povo e da nação, que foram criadas as cotas raciais para compensar historicamente o mal que o mundo causou aos descendentes de africanos e com essas cotas comprovamos que mais uma vez os negros são tratados de forma desigual. Constitucionalmente desiguais. Preconceito.

dizer que um negro é negro, é preconceito.
dizer que um anão é anão, é preconceito.
dizer que o feio é feio, é preconceito.
dizer que o horrível é horrível, é preconceito.
dizer que o gordo é gordo, é preconceito.
dizer que o estúpido é estúpido, é preconceito.

dizer que o branco é branco, é constatação.
dizer que o alto é alto, é constatação.
dizer que o bonito é bonito, é constatação.
dizer que o inteligente é inteligente, é constatação.
dizer que o magro é magro, é constatação.

dizer o negativo é negativo, é disfemismo.
dizer que o positivo é positivo, é pleonasmo.

Por que é uma ofensa, um preconceito, um nazismo, uma idiotice, uma barbaridade, uma ofensa, um absurdo, dizer que as coisas são como são. Que as pessoas são como são. Que os negros são negros, que os brancos são brancos, que os gordos são gordos, que os gays são gays, que os feios são feios, e que todo mundo vê e que não precisa fazer préjulgamentos daquilo que está vendo, por que é visível e a conclusão corresponde com os fatos. Constatação.


Créditos

A todas as mulheres baixinhas demais, do quadril e dos ombros largos demais, da boca grande demais, dos olhos completamente sem cílios, nada de especiais que alguém no mundo deve achar que são lindas, perfeitas, incríveis, loiras, altas e magras, quando na verdade são normais.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Um próximo livro - clique para ler



Auf wiedersehen. :)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Aimara



Hoje a minha irmã mais nova faz 18 anos. E esta é a minha homenagem.

Eu troquei as fraldas da minha irmã caçula, tive idade para isso.
Dei banho nela, apesar de me divertir mais do que dar banho propriamente.
Despenteei seus cabelinhos, que eram tão poucos e por isso eu sempre ria às custas dela. Chamei-a de chata mil vezes, e de gorda outras tantas, sem saber que um dia ela seria linda, magra, deslumbrante, incrível, estonteante. Briguei com ela quantas vezes foram necessárias, e desnecessárias também. Ri mais ainda com ela e dela e das suas palhaçadas, da forma como decorava a voz dos personagens dos desenhos animados e depois imitava igualzinho. Fantasiei-a de noivinha, de palhacinha, de bailarina e de todas as coisas divertidas do mundo, e outras mais. Transformei-a na minha boneca viva quando mal tinhamos dinheiro para comprar bonecos e, sem dúvida essa era a minha brincadeira preferida. Morri de medo dos seus olhinhos pretinhos quando ela era um bêbêzinho ainda. Morri de raiva cada vez que ela comia o brigadeiro que mamãe deixava para mim dentro do fogão, pra não pegar formiga. Morri e morro até hoje de amores por ela e morreria por ela, se caso fosse necessário.

Há 18 anos eu fiz isso tudo e hoje faria novamente e mais ainda. Eu a levaria para todos os lugares comigo se soubesse que hoje, estaríamos tão geograficamente distantes uma da outra.

Parabéns Sissy. Este é o meu presente de longa distância para ti. Espero que gostes.
Te amo always and forever, and ever, and ever.

Chicken.