sábado, 22 de novembro de 2008

Enterrando os fantasmas



...Porque nem tudo que está morto está necessariamente enterrado...
Os fantasmas são pessoas, situações fracassadas ou possibilidades que não aconteceram. Diz respeito a tudo e a qualquer coisa. É aquilo que incomoda, pertuba e atrasa a sua vida para o “novo” o “vivo” o “possível”.
Conviver com fantasmas pode ou não ter uma parcela de culpa do assombrado. Alimentar a nostalgia do passado atrai os fantasmas como o açucar atrai formigas. Em alguns casos, a culpa não é só parcial como total da pessoa que se diz vítima desse mal. Mas o mais grave mesmo é quando você perde o medo deles e passa a conviver numa boa com isso, como se fosse parte saudável e necessária da sua vida, o que não é.

Vamos partir do início:
1-Um plano, objetivo ou relacionamento não deu certo.
2-Você tentou de outras formas e outras vezes.
3-Chegou num momento tal que você percebeu que aquilo não teria mais chance alguma.
4-Você desistiu e respeitou as circustâncias que te provaram que não daria mais. (vale salientar que respeitar algo não é sinônimo de “se conformar”com tal...)

Só que lembrar o “se” constantemente é um vício que atormenta. As lembranças do que você idealizou, viveu e até do que poderia ter sido perseguem aqueles que não conseguem verdadeiramente entender o fim das coisas.
Se tivesse dado certo...
Se eu tivesse conseguido...
Se tivesse acontecido...
Se eu tivesse falado...
Se eu tivesse ido...
E outros zilhões de “Se”.

O “se” só deve ser lembrado uma vez resumindo-se numa única frase:
Se tivesse que ser, teria sido!
E aproveitando que o ano está acabando, desejo a todos que encontrem a melhor maneira de afastar seus fantasmas internos e os que ainda estão muito vivos por aqui, lembrando que é você quem os atrai, e só VOCÊ que tem o poder de enterra-los para sempre.
E por mais perceptiva que eu seja, mesmo sabendo que tenho o dom pra isso, a partir de agora, EU NÃO ACREDITO MAIS EM FASTASMAS.

sábado, 8 de novembro de 2008

"Quase 27"

Em casa, em pleno sábado, tava aqui pensando no motivo do “solteira aos quase 27”.
Esse tal de “quase 27” passou a ter um peso difícil de carregar. Lembro bem quando dizia que tinha 25 e achava o máximo, mas agora, beirando os 27, significa que só faltam quase 3 anos para os 30, e chegar aos 30 solteira pode sim ser maravilhoso se você não sente a necessidade de estar ao lado de alguém realizando sonhos e batalhando pelas conquistas mútuas.
Dividida entre o orgulho de ser inacreditavelmente jovem e linda ao chegar nessa idade e ao fato de continuar solteira, eu fico pensando nos prós e contras disso tudo e me pergunto o “porquê” que eu paro para pensar nesse tipo de coisa. Lembro bem das aulas de psicologia e filosofia quando falávamos sobre o ser humano ter a necessidade social de fazer parte de algo, de seguir regras e concluir o ciclo de nascer, crescer e reproduzir ( com o detalhe do “casar” no meio desses dois últimos) e morrer.
Nunca me preocupei se eu fazia parte ou não de algum grupo ou se era bem aceita ou não
por isso, mas agora me pego pensando nessas coisas e concluo que não deixo de ser mais um fruto ordinário do meio. Mas por que isso só está acontecendo agora?
“É a idade...” hehehhe

Ser solteira aos “quase 27” pode ser muito legal pra muitas coisas, e principalmente quando essas coisas ainda são prioridade para muitas pessoas que estão nessa idade, como:
Ficar com quem quiser e quando quiser;
Não ter que dar satisfação de para onde vai, com quem e como;
Viajar sozinha ou com amigas;
Não precisar gastar dinheiro com presentes de natal, dia dos namorados e aniversário;
Não precisar brigar nem chorar por alguma decepção ou raiva;
Poder usar minis e tops porque ninguém vai reclamar por ciúme;
Não ter D.Rs;

Mas o que não existe pelo fato de ser solteira aos “quase 27”:

Não ter alguém para esquentar o pé gelado na noite ao dormir de conchinha;
Não ter outra escova fazendo companhia para a sua no banheiro;
Não ter pra quem mandar mensagens dizendo coisas legais;
Não ter alguém com um telefone claro para ligar custando R$0.06 centavos só pra falar besteira;
Não ter alguém pensando com você em quantos filhos vão ter e com quem vão parecer;
Não ter com quem dividir as poltronas para casal do BOX CINEMAS;
Não ter alguém que diga que mesmo quando acorda descabelada você continua linda;
Não ter alguém que mesmo cansado acorde as 05:00 pra te levar trabalho;
Não ter alguém que faz planos e inclui você em todos eles;
Não ter alguém que seja sincero e diga que aquela roupa ficou linda ou ridícula;
Não ter alguém para te proteger e para passar a segurança do quanto você significa;
Não ter alguém que te entenda com um simples olhar;
Não ter alguém que tenha paciência para te ouvir quando o resto do mundo some;
Não ter alguém para ir a praia com você para pegar aquele bronze camarão;
Não ter alguém que compre 1 big big e te traga de surpresa;
Não ter alguém que traga flores;
Não ter alguém que diga “eu te amo” e faça o mesmo;
Não ter alguém para amar pra toda vida .

Às vezes a nossa idade é psicológica. Poderia mesmo aos “quase 27” estar brincando de legos. Mas não. O que quero construir é real e bem maior que uma simples caixa de peças coloridas que se encaixam e podem desmoronar a qualquer instante. Quero algo resistente que não seja frágil, quero algo verdadeiro e é por isso que não é tão fácil de encontrar. Na verdade não se encontra, né... Se constrói. Aos poucos, diariamente, (mas não tente fazer isso sozinha mesmo que você seja a mais forte e dedicada das pessoas...) A falta de certeza se vai acontecer, e se for, quando será, é a grande questão...É o tipo de coisa que não dá pra marcar no calendário, estabelecer um prazo ou definir com qual idade gostaria de estar quando for acontecer.
Ahh, vale a pena lembrar:
É preciso que exista a outra pessoa.
E que ela tenha as mesmas intenções. ( Pelo menos de tentar).
MAS mesmo ela existindo e tendo as mesmas intenções ainda assim não há garantias.
E mesmo sem garantias o que importa é não desistir. Na pior das hipóteses o que der errado servirá como experiência para a próxima tentativa e “Os que conseguiram foi porque um dia tentaram”. Hehehe
(Esse conselho é velho, básico mas certeiro!)

...E enquanto os sinos não tocam, eu junto os sonhos e planos e continuo vivendo aquela vida de solteira lá de cima, que não é por escolha mas sim por falta da outra opção...


OBS: Bem, na dúvida, alguém sabe quanto está custando uma bicicleta?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A carne é fraca

Lenda urbana ou não, comportamento tipicamente masculino ou não, o fato é que se prega que “a carne é fraca”. A metáfora sugere que é quase humanamente impossível resistir aos desígnios da carne, aos desejos da pele e por isso, como num matadouro, a carne que passar à frente está pronta para o abate. A metáfora continua, nesta línguagem de açougue, para mostrar como homens e mulheres se comportam. Eles se abatem todos os dias e essa necessidade canina, carnívora e voraz transforma as relações entre os sexos num rodízio quase canibal. São insaciáveis, querendo provar uns aos outros, usando como pretexto, a tal lenda que diz que a carne é fraca e que é impossível de resistir às ofertas deste incrível mercado. Provar de tudo, provar de todas, com pouco tempo para saborear. A carne é fraca. Não importa o corte, se está bem ou mal passada, dentro do prazo de validade. O que vale é provar. O que, no entanto a maioria das pessoas não sabe, e isto se aplica majoriamente aos homens, é que não é a nossa carne que é fraca, fraca é a carne que nós provamos todos os dias.
Já dizia a minha avó, que uma refeição tem que ter “sustança”, tem que alimentar o corpo. Ora uma carne fraca não alimenta ninguém, não tem consistência e por isso há a necessidade de sempre se comer mais e mais. A carne pela carne não nutre. Um feijão, um arroz, um purê e uma salada acompanham a carne, dão a tal sustança ao prato. E continuando a metáfora percebemos que a carne é fraca por que só come carne fraca e essa carne não alimenta. Para abandonar esse ritual insaciável de gula, o homem ou a mulher só precisam encontrar, mas principalmente ser um prato de carne que alimente. E que me desculpem as mulheres que são apenas um petisco de churrasco, mas eu sou a carne que emerge de uma consistente dobradinha.



Auf wiedersehen

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Hora da faxina

Às vezes parece cansativo arrumar e muitas vezes é preciso tempo para organizar e colocar coisas em ordem. Para que seja possível “arrumar”, é preciso antes bagunçar, e foi assim, arrumando a bagunça de uma desordem recente que eu consegui encontrar muitas coisas:
Uma linda blusa que havia anos que não usava;
Uma frase solta e espontânea num rascunho de papel de guardanapo;
Um chiclete sem cor e duro, que eu joguei longe por preguiça de levar no lixo;
Um cd com a música que me levou de volta a um lugar do qual eu nunca gostaria de ter saído;
A cópia de uma carta (que sim, eu enviei!);
Uma vontade reprimida de dizer que eu amo (ainda que não saiba se é verdade);
Uma calçinha Jogê pink, porém suja;
Uma prova que teve a maior nota da turma;
Uma trabalho que não mereceu nota nenhuma (plágil total);
Uma vontade de jogar tudo que não tem significado fora;
A urgência de repor o significado que está faltando ali;
Uma camisa branca, envelhecida, que perdeu seu perfume para a minha memória;
Uma recordação de um momento bem vivido;
A saudade desse momento que passou;
Os grandes planos de fuga que tinha na infância;

As idéias que ainda não aconteceram;
A coelhinha da minha sobrinha que eu escondi dizendo que ela voltou pra revista;
As minhas melhores piadas;
As certezas que eu senti e que havia esquecido;
A minha consciência de volta no lugar que lhe pertence.
Eu.
O melhor de mim e minhas verdades, confusas ou não. MINHAS!
Eu encontrei muitas coisas e pude colocar tudo no seu devido lugar. “Devido”. Na verdade não existe uma regra para os lugares certos quando tentamos organizar esse tipo de coisa. As coisas estão sempre mudando de lugar e dependendo da fase que estamos vivendo elas passam a ter mais ou menos importância, ou seja, ganham um grande espaço ou ficam apertadinhas em caixas, quase que esquecidas...
Eu coloquei tudo nos lugares que nesse momento eu acho ‘adequados’..
Antes que eu esqueça:
Uma grande surpresa dessa faxina foi que no cantinho do fundo do guarda-roupa eu encontrei uma caixa de sapato. Abri e tirei da caixa apertada e quase que amassada uma linda coroa que tava cheia de poeira, mas que ainda tinha um brilho fantástico. Dei de volta a ela o lugar não só adequado, mas MERECEDOR para o brilho raro que ela carrega..

E em breve esse meu gesto será facilmente reconhecido.