terça-feira, 30 de setembro de 2008

A vida é um brechó - parte II

Não sei se acontece com todo mundo, mas às vezes eu tenho uma vontade imensa de me esvaziar. Tal como se esvazia um guarda-roupa, com todas aquelas coisas que você não usa mais ou simplesmente nunca usou. Uma vez tive um sonho em que eu vestia uma roupa que não agradava a alguém e esse alguém me pedia para trocar de roupa, por que essa eu já tinha usado com ele. E eu simplesmente ficava desesperada por que aquela era a minha melhor roupa e, naquele momento, a única. Foi então que, através de uma análise meio freudiana, de associações livres e, conversando com minha Susue, percebi que todos nós vestimos roupas diferentes, para diferentes ocasiões e para diferentes pessoas. E essas roupas dizem tudo sobre nós. São roupas imaginárias, mas que podem cair tão bem quanto um vestidinho preto básico, ou tão mal quanto uma calça pantalona numa mulher baixinha. Infelizmente são os outros que nos dão o parâmetro do quão boa a roupa nos ficou. E para aquela pessoa, naquele momento, a minha roupa imaginária não lhe agradava. Ele queria uma mulher fútil, fácil e fatal, eu estava vestida como uma simples garota que quer uma boa companhia, uma conversa e, quiçá, um chocolate quente.
Hoje nem sei mais onde anda esse alguém e pouco me interessa. Mas do sonho ficou a metáfora. O meu guarda-roupa está muito cheio. Cheio de roupa velha, de coisas que eu preciso desapegar, abandonar, vender, doar, queimar, fazer desaparecer, colocar num brechó. Por que uma coisa que não me sirva, pode servir a alguém e um brechó é o melhor lugar para se repassar velhos costumes.

1 comentário:

Diego disse...

menino, mas num é que esse post é a minha cara. Tô doido pra assoprar até esvaziar completamente e quando voltar a inspirar trazer só novos ares e novos mundos. Cansei de respirar na minha bolha.