quinta-feira, 31 de julho de 2008

Era uma vez ... Duas vezes... Três vezes...


Que a mesma história se repetia... E de tanto se repetir, a linda princesa pronta no seu vestido com laços e muito brilho decidiu não sair mais de seu castelo pois tinha medo de encontrar príncipes falsos ou perdidamente apaixonados que viraram sapos após o efeito da paixão que passava. Ela se protegeu e resolveu se ocupar com o jardim do seu reino, acreditava que cuidando daquelas flores as borboletas viriam com mais frequência e ela estava certa!
As borboletas vieram e com elas uma nova pessoa.. Ele tinha tudo para ser um príncipe e mesmo sem ter dito que sim, ela acreditava que no fundo ele realmente era. E ele morava bem ali, ao lado do reino dela, mas ela fazia tantos passeios e viagens que nunca havia percebido. Esse príncipe conheceu seu castelo e também convidou-a a conhecer seu reino. Fizeram muitas coisas divertidas juntos e adoravam estar na companhia do outro... De uma inocente e inesperada amizade nasceu a segurança e o conforto de sonhar novamente com o amor verdadeiro e recíproco, o construído progressivamente, aos poucos, como mexer um mingau de aveia.
Mas num belo dia, porque nos contos todos os dias são belos, a princesa saiu para dar um passeio e ao se aproximar percebeu que avistava de longe o seu querido beijando a feiticeira e foi então que a princesa parou e sentiu-se em choque com a cena.
A princesa voltou pra seu lar atônita e muitas coisas foram passando pela sua cabeça, inclusive todo o filme desse conto que tinha se tornado a sua vida, mas de tudo que ela pensou houve uma coisa que de todas foi a mais sensata que ela conseguiu concluir:
Não é culpa das bruxas, dragões, sapos ou feiticeiras;
O castelo não a protegeu de ser invadida por sonhos, ilusões e falsas esperanças;
Nunca teremos certeza de quem realmente são as pessoas que fazem parte da nossa vida, nem mesmo as que frequentam nosso castelo;
A vida não é um conto de fadas, logo, príncipes não existem. Nem com cavalos nem sem eles. Sendo assim ela nunca foi uma princesa. Por isso, de tão desapontada, ela tirou a coroa.
Mas isso definitivamente não foi o mais difícil de aceitar. O difícil são os inúmeros fins da mesma história, é a falta de confiança e a insegurança que os outros têm em se envolver, em manter por muito tempo uma história bonita.
Na vida real tentar usar uma coroa é parecer ridículo. O que chama atenção e desperta o interesse são o brilho das "armaduras". Quanto mais brilhar a armadura mais interessante será a pessoa, porque o valor dela e o tanto que se conhece dela está ali, só do lado de fora. E isso basta para muitos.
No caso da princesa que deixou de ser e se viu no mundo real, ela tem 2 opções:
Continuar acreditando ( guardar a coroa);
Ou tirar o vestido, os sapatos e assim como a maioria, vestir-se com a armadura.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O beijo - clique para ler.

terça-feira, 22 de julho de 2008

O Curinga


O Curinga é uma carta do baralho que vale por todas as outras e tem o poder de assumir qualquer valor. Cada baralho é composto de 52 cartas e em cada um existem quatro Curingas que podem aparecer espalhados ou concentrados nas mãos dos jogadores. É o um trunfo na manga, é o fator surpresa, é o triunfo da esperteza sobre a inteligência e por isso, muitas vezes, é descartada do baralho. O Curinga simplesmente fica de fora do jogo, sorrindo da ingenuidade alheia, debochando do fato de que só ele não segue regras e estar fora do baralho é consequência disso. O Curinga, portanto, pode ser a carta mais importante e mais desejada de um jogo, mas nem sempre a melhor, por que é a carta mais injusta e mais insensata. Ele é a personificação do incorreto, a certeza de que há males que vêm para o mal mesmo. Mas isso não faz do Curinga um vilão, ou da carta a necessidade de ser descartada. Isso faz do Curinga um espelho da fraqueza humana, da corrupção e de como se pode ganhar um jogo sem fazer nada de bom nele, por que o Curinga também ensina que 48 cartas do bem não valem nada se no meio do jogo existem 4 cartas do mal, ainda que sejam apenas quatro. E de tudo isto se tiram várias lições:

A bondade não existe sem a maldade
Para existir maldade basta apenas existir alguma coisa
Para existir a bondade precisa existir muita coisa
A maldade é gratuita
A bondade é opção
A vida é um jogo com mais de quatro Jokers
O jogo não acaba e não existem vencedores
A insensatez faz parte do jogo
O trunfo muitas vezes tem que ser descartado
O maior inimigo é o mais próximo
Os heróis seguem muitas regras
Os vilões não seguem nenhuma
Os trouxas seguem a emoção
Os idiotas fazem blef para si mesmos
Um erro condena o que cem acertos não salva
Um erro condena o que cem acertos não salva
Um erro condena o que cem acertos não salva



Créditos

Ao Curinga por ser mau e ser tudo.
Ao jogo que infelizemente tem que ser jogado.
Ao Curinga que é tudo, mas está fora do baralho.




Auf wiedersehen

A vontade

A vontade de avançar é maior que a de recuar.
A necessidade de recuar é iminente.

A vontade de abandonar é maior que a de investir.
A necessidade de investir é a que se impõe.

A vontade de prender é maior que a de libertar
A necessidade de libertar é a que sobra.

A vontade de fugir é maior que a de ficar
A necessidade de ficar é a que impera.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sebastião

Sebastião era um homem amargo, pouco sexo, muito cigarro. Fumava dois maços por dia, bebia cinco cafés, três conhaques e uma pinga. Comia cachorro-quente e porcaria. Não bebia água, não comia fruta, não corria. Cultivava uma barriga de 9 meses sem ninguém lá dentro. Morava só, num quarto alugado sem ninguém à espera. Almoçava sozinho sem ninguém do lado. Tinha no pulmão um cinzeiro empoeirado. Tinha no lugar do coração um buraco desabitado.

Natasha

Nathasha era doce e era bela. Da sua cabeça pendiam longos, pesados e lisos cabelos pretos. Ela tinha um jeito todo especial de andar, de sorrir, de atender o telefone e até de fazer, com os dedos, movimentos circulares constantes à volta do copo em que bebia. Suas unhas sempre perfeitas, seu cabelo sempre penteado, suas faces sempre rosadas, seus olhos sempre delineados, sua boca sempre molhada, denunciavam que Natasha estava sempre cuidada. Mas Natasha não era somente doce e cuidadosa, era cautelosa, precavida e segura, sempre. Natasha nunca perdia o controle.
Um dia, ao envolver-se como o seu vizinho, um príncipe encantado que em vez de a cavalo chegou à sua porta de elevador, Natasha tomou todas as precauções para que este relacionamento desse certo. Entre beijos, vinhos, queijos e risadas, Natasha sempre ponderava cada um dos passos que dava, como uma dança ensaiada. As coisas andavam no compasso certo. Natasha jogava o charme, junto com os cabelos, tirava o corpo, jogava o beijo e assim o vizinho ia perdendo o controle que Natasha agora tomava como seu. Lá do alto da sua doçura, da sua cautela, da sua candura, lá do alto do seu controle, do seu pudismo, da sua timidez, lá do alto Natasha levou um tombo. Entre beijos mais quentes, presa entre os braços do seu vizinho, Natasha perdeu o controle quando o dito cujo largou o vinho, segurou-lhe a perna e deslizou sua mão da coxa ao calcanhar dela. Natasha toda tremia, meio surpresa, meio perdida, com as forças findas e a boca fria. Do alto de todas as suas precauções e de todas as suas cautelas, Natasha a bela, paralisava todo o seu corpo diante do seu enorme deslize: não havia depilado as pernas.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Se tornando amigo da sombra

Os últimos acontecimentos da minha vida me fizeram refletir sobre várias coisas.
Mais uma vez me descobri desconstruindo um sentido que havia amarrado e guardado
dentro de algum lugar onde se guarda coisas que não nos permitimos esquecer.
“Desconstruir” sentido significa o mesmo que matar uma ideologia, e muitas vezes quando isso acontece você passa por um processo que se chama “reconhecer a sombra”.

A sombra é o mais poderoso de todos os arquétipos já que é a fonte de tudo que existe de melhor e pior no ser humano.A sombra representa tudo que foi suprimido, o lado negligenciado ou não escolhido, aquele que poderia ter sido vivido e não foi. Neste sentido a sombra está sempre ao lado do indivíduo e focaliza o resultado das suas escolhas.
Normalmente, reconhecer a sombra implica em “arrumar encrenca” e colocar em questionamento toda a consciência de si: os hábitos, crenças, valores, afetividade, etc.
É um mergulho no desconhecido, é ficar sem chão, é perder o apoio.
Quem nunca se sentiu assim? Quem nunca passou por essa experiência? Se tentou evita-la, saiba que quando ela conseguir emergir ela virá com uma força esmagadora, e você não terá como controlar e dificilmente saberá como lidar com isso, o melhor a fazer é olhar para si e assumir o resultado das decisões que não foram felizes em alguns momentos da nossa vida, e a partir daí, reconhecer o aprendizado da situação e agir da melhor forma não se culpando pelas coisas que não saíram como você esperava.
Sempre que ouço as pessoas falarem de problemas e dizerem:
“Eu errei”. Ou mesmo: “Você errou”.
Eu penso:
O que é um erro? O que é certo ou errado?
Eu não acredito em erros. Chamar de erro atitudes e decisões que tomamos ao longo de nossas vidas é a forma que encontramos de nos punir ou punir aos outros quando o resultado não é feliz, porque é nisso que eu acredito. O que nos faz bem ou não, o que nos faz feliz ou não, acredito que sempre fazemos o que achamos ser o melhor em cada momento e isso depende de como estamos e de tudo que nos rodeia em todos os aspectos da nossa vida, não dá pra simplesmente pensar que se tivesse tido mais amadurecimento e sabedoria na altura dos acontecimentos os “erros” poderiam ter sido evitados. Pensar assim é deprimente e não acrescenta nada. Cada um tem seu tempo e sua velocidade, é muito relativo, assim como é relativo o próprio conceito de certo e errado. (Às vezes o que parece ser certo para você pode ser completamente errado para outra pessoa)...
Alcançar a sabedoria e a maturidade não é não errar, na verdade é entender que erro não existe e que o que fazemos é tentar o que achamos ser o melhor que podemos, e se depois isso causar decepção, é conseguir entender que você tentou o que achou ser possível.
Lembrem-se que nunca seremos perfeitos nem para nós mesmos nem para os outros mas nada nos impede de tentarmos ser cada vez melhores.
Por esse motivo que venha a sombra e a luz de todas as reflexões que ela precisar trazer!
Que elas sejam apenas uma ponte para o outro lado, onde colhemos as lições de tudo o que passamos e que consideramos importantes para o nosso crescimento.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Um PS

Post Script: cheguei hoje na agência e dei de cara com um bilhete suspeito colado no meu mac. Estava escrito com caneta preta, de tinta permanente dessas que se escreve em CD. É um post it amarelo da livraria Saraiva que diz assim: "Carol, você é linda e magra! Beijosmeliga. Seu admirador secreto." Ainda estou tentando descobrir quem é.


Auf wiedersehen.

Um dia é preciso escrever coisas felizes

Todo o texto feliz ou emocionante geralmente começa com “existem coisas na vida” e assim o texto prossegue. Com este texto não poderia ser diferente por que, de fato, existem coisas na vida que fazem com que ela valha a pena, por mais piegas que isto possa parecer. A gente tem que passar por aqui para saber como é sentir tanta coisa junta. E eu sinto algumas que são assim:

Dormir abraçado em baixo de um edredon, numa cama cheia de almofadas, parecendo um ninho, com uma pessoa tão especial que faz-nos sentir parados no tempo e presos para sempre nos lençóis. E dessa prisão nenhum dos dois querer sair.

Passar a madrugada conversando qualquer coisa, deitada numa cama, olhando nos olhos quem a gente quer bem, sem que no outro dia seja preciso ir trabalhar. Sem que dia nenhum da nossa vida seja dia de ir trabalhar.

Dar risadas bem altas ao fim da tarde, na praia, com a melhor amiga, olhando para o mar, correndo na areia, num dia de domingo, com a praia vazia. E o sol simplesmente nunca se pôr.

Acordar com mamãe, à beira da cama, fazendo carinho no meu rosto, nos meus cabelos, dando beijinhos e imitando os passarinhos para eu acordar. E sempre ter a sensação de que não existe amor maior que esse.

Andar descalça pela casa, com uma blusa comprida, calcinha de algodão bem confortável e um copo cheio de morangos com leite condensado. E saber o que é doce de verdade.

Ver a chuva cair lá fora e estar aqui dentro, quentinha, ouvindo um fado, pensando em nada, pensando em tudo, dormindo ou simplesmente deitada. E ver que ainda é sábado e que o final de semana não acabou.

Abrir um livro e encontrar uma antiga carta de amor que foi escrita, mas não foi entregue e perceber como o amor e o sofrimento se repetem sempre, quase com a mesma intensidade, mas com formas de descrever diferentes. E ver que de uma narrativa para a outra só mudam os personagens.

Adormecer na cama do meu pai enquanto ele dá beijinhos na minha mão e fingir que ainda não acordei só para ele continuar a mexer nos meus cabelos e dizer no meu ouvido “amo tu”. E ter medo de um dia perder isso.

Tomar um banho muito quente, de deixar a pele vermelha, sair enrolada na toalha e deitar na cama e assim dormir, de toalha, mas com alguém do lado. E deixar que esse alguém sinta o cheiro do seu pescoço.

Acordar com o rosto amassado, os olhos inchados, o cabelo despenteado, o pijama todo torto no corpo, e se espreguiçar demoradamente e perceber que tem um cachorro lindo lambendo o seu dedão do pé. E achar que baba de cachorro é o máximo.

Pegar aquele bebezinho no colo, dar mamadeira, colocar para dormir, fazer massagem para cólica, dar beijinhos na barriga, apertar o bumbum, fazer palhaças, mesmo quando ele não é seu. E ver que se fosse seu, você seria a melhor mãe do mundo.

Comer crepes de chocolate com quem nos faz bem, por que um crepe de chocolate só se divide com quem se gosta. E saber que essa pessoa também gosta de nós em algum momento.



CRÉDITOS

Aos crepes de chocolate.
A mamãe por ser tudo.
Ao meu pai por ser.
À minha amiga Janaína por estar.
Aos lençóis por me abraçar.

Auf wiedersehen.

Proparoxítona

Antes de qualquer post mais profundo preciso dizer que tive sonhos estranhos esta noite.
Num deles sonhei que, ao sair com um cara pela segunda vez, estava usando a roupa que havia usado no primeiro encontro com o dito cujo e, pasmem, ele reparava que a roupa era a mesma e se ofendia. E eu, desesperada, me justificava dizendo que tinha engordado e que só aquela roupa cabia em mim.
O outro sonho foi mais estranho ainda. Eram 8 da manhã e eu assistia um jornal matinal qualquer, apresentado pela Ana Maria Braga e o Louro José e o jornal anunciava em tom de perigo: "o CONAR, juntamente com a Associação Brasileira de Redatores Publicitários entra em colapso nesta manhã. O fato é que o governo proibiu o uso de proparoxítonas nos textos publicitários".
Pronto, meus sonhos estranhos estão aí. Que se cuidem os redatores.

Auf Wiedersehen.